Por: Jéssica Leme

 

 

Quando falamos em Food Design, logo pensamos: "ah, é a forma que colocamos os alimentos no prato, ou arrumar uma mesa de doces em um evento, para que fique harmonioso e bonito". Food Design vai além disso, o termo surgiu por volta de 1997, na Europa, e atualmente é organizado pela Sociedade Internacional do Food Design (IFDS), é a junção das palavras Food - que significa alimento, e Design - um pensamento estratégico aplicado ao processo, produto ou uma experiência.

 

 

O Food Designer usa critérios quando projeta algo, entre eles estão: os ingredientes, na forma que serão utilizados, as embalagens onde esse produto será inserido, as experiências em que o usuário passará no momento da refeição e o impacto desse produto no contexto cultural em que ele está inserido.

Segundo Marti Guixe, designer e autor dos livros Food Designing, um dos principais estudiosos desse assunto, o food design torna possível pensar no alimento como um produto de design, saindo da referência da cozinha tradicional e gastronômica.

O Food Design entende como criar, moldar e manipular materiais. E normalmente, possui uma vasta expertise em análise de necessidade de mercado e de consumidor. De acordo com a Dr. Francesca Zampollo, fundadora do IFDS: “O alimento é o único material com o qual você pode estimular os cinco sentidos. Significa que você vai ingerir o que eu criei, o que é o processo mais íntimo que pode existir. Isso nos leva a outro ponto: o alimento é perecível, não dura. Um food designer, não cria um produto, cria uma memória”. Em 2007, Zampollo subdividiu o Food Design em seis categorias para melhor compreensão de suas aplicações e atividades. São elas:

 

 

Design with food (Design com comida): considera a comida como um objeto de design, considerando: o sabor, consistência, temperatura, cor e textura. Essa classificação inclui a arte culinária feita pelos chefes e visa criar novos objetos, unindo essas características. Um exemplo foi a cápsula de café, criada por Ferran Adriá, onde o café líquido é envolvido em uma membrana transparente, que explode no céu da boca para liberar todo seu aroma. 

 

 

 

2) Design for Food (Design para alimentos): compreende os materiais que fazem parte da preparação, distribuição e comunicação dos alimentos. Um exemplo disso é a embalagem onde o produto será inserido, ele não será apenas uma caixa ou recipiente, ele será um dos meios de comunicação do produto, que o fará ser reconhecido e lembrado. Um bom exemplo a ser citado é a embalagem desenvolvida para carregar um lanche em apenas uma mão e ainda gerar menos lixo com menos embalagem.

 

 

3) Food Space Design (Design de espaços alimentares): é a criação dos espaços alimentares, levando em conta: os materiais, cores, iluminação, temperatura, música como também a roupa dos empregados e o comportamento em relação aos clientes. Um exemplo de Food Space Design é o restaurante Rice Home, localizado em Hong Kong. O restaurante serve pratos feitos de arroz, e utiliza esse elemento como objeto principal de decoração.

 

 

4) Food Product Design (Produto alimentar): é o projeto de alimento a ser produzido em grande escala industrial, exemplos: pringles, macarrão, sorvete, chocolate, lanches, entre outros. Está presente em quase tudo que vemos nas gôndolas dos supermercados.

 

 

5) Eating Design (Comendo design): é a situação onde há pessoas interagindo com a comida. Esse processo de interação entre pessoas e alimentos pode ser considerado um dos aspectos mais complexos, já que os projetos levam em consideração muitos aspectos diferentes e variáveis incontáveis. Um exemplo é a empresa NYC Food DesignPinch, que oferece o serviço EATING DESIGN, onde a comida é servida pendurada em um guarda-chuva, tornando a experiência lúdica e única.

 

 

6) Food Service Design: é aplicação dos conceitos de design de serviços nos alimentos, além de considerar basicamente as interações, ou seja, as atividades que ocorrem ao longo do tempo com metas e resultados. Um exemplo de aplicação do Food Service Design é o aplicativo ‘Too Good To Go’, que permite que você compre de restos de restaurantes a um preço baixo, alimentos que se não fossem consumidos iriam para a lixeira.

 

 

Como podemos analisar, o food design é a conexão da comida e da arte. Onde o design leva a inovação em produtos, serviços e nos sistemas de alimentação, que vai desde a produção, aquisição, preservação e transporte, até a preparação, apresentação, consumo e descarte. Por trás disso tudo, existe uma grande análise da necessidade do mercado e do consumidor. Além de projetar para alimentação, ele se utiliza de pensamentos estratégicos para tornar algo mais atrativo e funcional, para no final desenvolver projetos que utilizam a criatividade e usabilidade para criar produtos inovadores. Mas além disso a maior habilidade é agregar valor, serviços, experiências.

 

 

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