Nas redes sociais, a máxima é estar presente em todos os lugares. Ouvimos incansavelmente a frase: "Temos que estar no Facebook, porque todo mundo está lá. O Instagram também, pois é a rede do momento." Enlouquecemos por mais curtidas, comentários, alcance, impressões e cliques. A correria diária nos faz ler menos, apenas absorver a quantidade de informações, sem processá-las. Achamos normal ler textos em tópicos, e exigir cada vez mais que essa seja a regra. Porém, é isso que queremos passar para nossas futuras gerações, estimular que nossos filhos leiam menos e reflitam menos ainda?

 

Quantidade não é o mais importante, pelo menos quando se trata de redes sociais. Por ser um meio digital no qual a veiculação se torna mais fácil de ser interrompida, em caso de mudança de ideias, não significa que deve ser algo feito no calor do momento. Claro, existem eventos e determinadas situações em que é necessário ser algo mais imediato. A questão é que deve existir planejamento, devemos trabalhar com pelo menos um mês de antecedência, prever todas as ações que deverão ser executadas. Depende do ramo de cada negócio, mas até mesmo eventos em que tudo parece ser ao vivo, é necessário um cronograma, ainda que parcial, onde as ideias do cliente e da criação estejam alinhadas.

 

O famoso timing

 

A expressão timing, muito utilizada pelo marketing, é uma das coisas que mais ouvimos na rotina de social media. Somos avaliados o tempo todo pela eficiência e principalmente velocidade, mas falta a reflexão sobre tudo isso. É necessário postar fotos em menos de 12 horas, mesmo sem tratamento de imagens. Em determinados casos, é necessário. Se fossemos um veículo de comunicação estaríamos atrasados em divulgar a notícia, mas quando tratamos de comunicação empresarial, agências de publicidade, a revisão é muito importante. É muito melhor entregar um trabalho com mais revisão, coerência e com objetivos bem definidos, que ter pressa e perder qualidade. O quão importante é tanta velocidade sem verificação de dados? Precisamos de mais reflexão na comunicação, claro, sem deixar a eficiência de lado.

 

Isso é muito Black Mirror!

 

Vivemos num momento em que tudo deve ser publicado, qualquer coisa que fizermos tem que estar nas redes. Muitos estudiosos de comunicação já alertam sobre isso, como no livro "A Sociedade do Espetáculo", de Paula Sibilia, em que a autora fala sobre a publicização de tudo, ou seja, na nossa sociedade não importa mais o ter, característico da sociedade capitalista, e sim, o parecer, traço da sociedade do espetáculo. Comportamento que evidencia à lógica de que de pouco serve ter ou ser, se os outros não veem.

 

No seriado Black Mirror, da Netflix, há um episódio, na terceira temporada, chamado Queda Livre, no qual as pessoas deixam suas vidas reais para viver em imersão total com as redes sociais. A busca por avaliações faz com que esqueçam de vivenciar situações reais e inclusive de fazer coisas básicas para mostrar o que estão fazendo, sem nenhuma reflexão e pensamento. Consumimos informação a todo momento, sem nos darmos conta.

 

No mundo dos negócios, não é diferente. Mostrar resultados é uma parte muito importante, sejam vendas, compartilhamentos, leads e números. Mas o questionamento é: de que adiantam muitos likes se não impactarmos o público? Devemos criar uma relação. Redes sociais é relacionamento com o cliente, serve para a construção de significados e não simplesmente como um catálogo de produtos e preços.

Texto: Kelem Freitas Duarte - Jornalista e Social Media da Interativacom

Publicado na Revista Noi na edição Maio/2018

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